Passar para o conteúdo principal

Figuras Históricas

CEDRIM:

No âmbito histórico-cultural, importa referir o nome de personalidades locais, que, no seu tempo, muito contribuíram para o orgulho da população de Cedrim, a saber

- Monsenhor Celso Tavares da Silva - Filho de José Marques da Silva e Ermelinda Rosa Tavares, nasceu a 29 de Fevereiro de 1916, em Cedrim. Frequentou o Seminário de Viseu, concluindo o seu curso em 1938 com elevada classificação. Aguardando idade para ser ordenado sacerdote, foi colocado como prefeito no Seminário Menor de Fornos de Fornos de Algodres. A sua ordenação foi a 30 de Abril do ano seguinte, pelo Bispo da Diocese, D. José da Cruz Moreira Pinto. Até 1952, paroquiou a freguesia de S. Tiago de Besteiros, passando depois para Oliveira de Frades, onde assumiu o arciprestado por 15 anos. Foi um dos fundadores do Externato Lafonense, do qual foi seu primeiro director. Desempenhou o cargo de Vice-Reitor do Seminário Maior de Viseu, a partir de 1958, e o de Reitor, em 1977.
Cónego capitular da Catedral de Viseu desde 1973, foi director do Jornal da Beira e Secretário da Comissão organizadora da Secção de Viseu da Universidade Católica, onde leccionou a cadeira de História e Arte. Fez ainda parte da Comissão Diocesana de Arte Sacra e da Direcção do Museu do Tesouro da Sé. Sendo a Arqueologia uma das suas grandes paixões, participou em congressos e jornadas, dirigiu campanhas de escavações e publicou laboriosos estudos.
O padre Celso Tavares da Silva, a quem o Papa João Paulo II concedeu o título de Monsenhor, no ano de 1982, faleceu em 1996, aos 80 anos de idade.

- Artur Nunes Vidal — Nascido no ano de 1882, em Fermentelos, Artur Vidal veio a falecer em Águeda, em Maio de 1952. Matriculado na escola distrital de habilitações para o Magistério Primário, em Aveiro, terminou o seu curso em Junho de 1902. Cinco anos depois, foi colocado em Cedrim, onde também dirigiu um curso nocturno para adultos. Tendo sempre a preocupação de instruir, cultivar os outros, fundou o “jornalzinho” escolar A Lição, cujas edições se encontram na Biblioteca Paroquial de Cedrim, graças a uma oferta de seu filho Alexandre da Costa Vidal.
Em 1921, foi para Águeda leccionar na Escola Primária Superior, de onde passaria para a Escola Comercial e Industrial da mesma cidade, onde exerceu as funções de professor, secretário e, pontualmente, director. Deixou diversos livros e folhetos, alguns de teor musical e outros sobre assuntos variados, como regras de bom escrever, lembranças de Fermentelos, etc.. Sendo um apaixonado pela música, fundou várias tunas, em Fermentelos e noutras localidades. Tocava com perfeição vários instrumentos, como violino, violão, rabecão e flauta. Em 1909, fundou em Cedrim uma Tuna de 12 elementos que, nesse mesmo ano, foi transformada em Filarmónica, já com 26 elementos. Presidiu também a Junta de Cedrim e, em 1919, foi administrador do Concelho de Sever do Vouga.

- Albino Costa - Filho de Manuel Costa, nasceu em Cedrim a 28 de Fevereiro de 1858. Com apenas onze anos de idade, partiu para Pelotas, no Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. E a verdade é que, aos 20 anos, já se tornara um jornalista conceituado, de invejável cultura, frequentador das tertúlias do meio. Desconhece-se, no entanto, como é que em tão pouco tempo se instruíra de tal forma, pois até o general Fernandes Costa, seu primo, que dele escreveu uma biografia, em Maio de 1915, não o descobriu.
Aos 24 anos, Albino Costa fixou residência em Sant’Ana do Livramento, próximo da fronteira com o Uruguai, onde fundou o jornal Correio do Sul, através do qual procurou mobilizar a sociedade para as realizações colectivas. Em 1887, voltou a Pelotas para fundar, com dois amigos, o jornal Pátria, então já casado e com uma filha. Dois anos depois, regressou a Sant’Ana para se tornar um grande industrial, iniciando a actividade pecuária. Homem estudioso, empreendedor e grande conhecedor da situação económica brasileira, publicou trabalhos de grande impacto e sucesso pelos resultados práticos obtidos, aceites pelo próprio Governo.
Em 1902, regressou à sua terra natal, onde, para além de revelar as suas qualidades humanas, publicou um estudo sobre A Indústria Saladeiril (1904) e duas monografias, A Indústria do Xarque e a Criação de gados no Brasil e na América do Sul (1905). Em 1909, enviou às vítimas do sismo ocorrido no Ribatejo um donativo de 500 francos e, dois anos depois, ao aperceber-se de um engano, restituiu ao Estado brasileiro a quantia que recebera a mais no pagamento de obras que, como construtor civil, executara para o Ministério da Marinha. Aquando da sua segunda viagem a Portugal, em 1912, ofereceu ao Estado português um monoplano Duperdussin, o primeiro que a Nação teve. Também ofereceu um relógio para a torre da igreja de Cedrim e comprou a casa onde viveram seus pais, ofertando-a à Junta de Freguesia para a sua sede. A inauguração fez-se a 3 de Dezembro de 1936.
Segundo Fernandes Costa, a maior parte da sua obra encontra-se dispersa por numerosas publicações periódicas de diversas localidades brasileiras. Destaca-se o poema “Em País Distante”, bem como o conto “Cedrim”, escrito em 1915, onde perpassa toda a emoção sentida na sua primeira viagem a casa de seus pais, em 1902.

- Cónego José Simões Pedro - Através das suas obras e dos seus comoventes sermões frequentes nas missas de São João, está presente na memória de todos os cedrinenses. Entre as suas obras, ressaltam Musa Singela (1984), Recordações (1986), A Trapa (1956), Na Orla do Vale (1973) e Predestinada (1982). É, contudo, na obra Recordações, que dá um retrato mais definido da sua pequena aldeia beirã «CEDRIM... é o nome da minha aldeia; não é só porque nela nasci que me parece mais linda que as outras. Nela pouco tempo vivi; mas, quando me vejo dentro da sua perfumada cinta de verdura e ouço o murmúrio das suas fontes, o gorjeio das suas aves e o rumor dos seus ribeirinhos que dão a toda a aldeia uma frescura paradisíaca, toda ela, a terra onde nasci me parece uma canção».